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Entenda o Plano Diretor de São Paulo e suas mudanças no mercado imobiliário

Você já ouviu falar do Plano Diretor de São Paulo? Ele afeta diretamente a vida de milhões de pessoas que moram ou trabalham na maior cidade do país. Mas afinal, o que é, qual a importância e o que mudou com o novo plano de São Paulo?

Neste artigo, vamos explicar tudo isso e mais: como o plano influencia no mercado imobiliário, no valor dos imóveis, nas tendências de arquitetura e decoração, e no espaço em casa que você tanto deseja. 

Além disso, vamos responder às perguntas mais frequentes sobre o tema e mostrar exemplos de outros planos diretores municipais pelo Brasil. Acompanhe!

Entenda o que é um Plano Diretor

O Plano Diretor é um instrumento de planejamento urbano que define as regras para o desenvolvimento da cidade. Ele estabelece os objetivos, as diretrizes e as normas para orientar as políticas públicas de uso e ocupação do solo, mobilidade, habitação, meio ambiente, cultura, entre outras.

É uma lei municipal que deve ser elaborada com a participação da sociedade civil e revisada a cada dez anos. Ele deve estar alinhado com o Estatuto da Cidade, uma lei federal que regula os planos diretores e os princípios da função social da propriedade e da gestão democrática das cidades.

Importância do Plano Diretor

foto da avenida Paulista

O Plano Diretor é importante porque ele define o modelo de cidade que queremos para o presente e para o futuro. Ele busca garantir o direito à cidade para todos os cidadãos, promovendo a inclusão social, a sustentabilidade ambiental, a diversidade cultural e a qualidade de vida.

Também é importante porque ele interfere diretamente no mercado imobiliário, na oferta e na demanda por imóveis, na valorização ou desvalorização das áreas urbanas, nas características dos empreendimentos imobiliários, nas opções de moradia e trabalho para a população.

Mudanças no Plano Diretor de São Paulo

O Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo foi aprovado em 2014 e entrou em vigor em 2016. 

Ele trouxe uma série de mudanças nas regras urbanísticas e no zoneamento da cidade, com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais e territoriais, incentivar o adensamento populacional e econômico nas áreas centrais e próximas aos transportes públicos, preservar o patrimônio histórico e ambiental, estimular a produção de habitação social e regularizar as áreas informais. Confira mais mudanças a seguir.

Regras urbanísticas

  • Redução do coeficiente de aproveitamento básico (relação entre a área construída e a área do terreno) de 2,5 para 1 em toda a cidade, limitando o tamanho dos edifícios;
  • Criação do coeficiente de aproveitamento máximo (relação entre a área construída máxima permitida e a área do terreno), variando de 1 a 4 conforme a localização e o pagamento de outorga onerosa (contrapartida financeira pelo uso adicional do solo);
  • Criação dos Eixos de Estruturação da Transformação Urbana (EETU), áreas próximas aos corredores de transporte público onde se permite um maior adensamento construtivo e populacional;
  • Criação das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), áreas destinadas à produção de habitação social para famílias de baixa renda;
  • Criação das Zonas Especiais de Preservação Ambiental (ZEPAM), áreas destinadas à proteção dos recursos naturais e da biodiversidade;
  • Criação das Zonas Especiais de Preservação Cultural (ZEPEC), áreas destinadas à proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural.

Zoneamento

  • Revisão da Lei de Zoneamento (Lei nº 16.402/2016), que define as categorias de uso e ocupação do solo em cada zona da cidade, de acordo com o PDE;
  • Criação das Zonas de Centralidade (ZC), áreas com grande diversidade de usos e atividades, que devem ser estimuladas a receber mais moradores e serviços;
  • Criação das Zonas Corredor (ZCOR), áreas ao longo dos eixos de transporte público, que devem ser incentivadas a receber mais densidade construtiva e populacional;
  • Criação das Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Urbana (ZEU), áreas dentro dos EETU, que devem ser priorizadas para receber mais habitação social e diversidade de usos;
  • Criação das Zonas Mista de Centralidade (ZM), áreas com potencial de centralidade, que devem ser induzidas a receber mais moradores e serviços;
  • Criação das Zonas Mista de Estruturação Urbana (ZEU), áreas com potencial de transformação urbana, que devem ser induzidas a receber mais densidade construtiva e populacional;
  • Criação das Zonas Predominantemente Residencial (ZPR), áreas com predominância de uso residencial, que devem ser preservadas e qualificadas.

Habitação social

  • Ampliação das metas do Plano Municipal de Habitação (PMH), que prevê a produção de 240 mil unidades habitacionais para famílias de baixa renda até 2029;
  • Ampliação das áreas destinadas à habitação social, com a criação das ZEIS e a reserva de 30% do potencial construtivo adicional nos EETU para esse fim;
  • Ampliação dos instrumentos de financiamento da habitação social, com a criação do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (FUNDURB) e do Fundo Municipal de Habitação (FMH);
  • Ampliação dos instrumentos de regularização fundiária, com a criação do Programa de Regularização Urbanística e Fundiária (REURB) e do Programa de Regularização de Núcleos Habitacionais (RENH).

Impacto no dia a dia da população

foto de prédios

O Plano de São Paulo tem um impacto direto no dia a dia da população, pois ele afeta aspectos como:

  • Mobilidade urbana, ao incentivar o uso do transporte público e o deslocamento a pé ou de bicicleta, reduzindo o tempo e o custo das viagens, a poluição atmosférica e sonora, e os acidentes de trânsito;
  • Qualidade ambiental, ao preservar as áreas verdes e os recursos hídricos, promover a arborização urbana, o manejo adequado dos resíduos sólidos, e a mitigação e adaptação às mudanças climáticas;
  • Inclusão social, ao garantir o acesso à moradia digna para as famílias de baixa renda, regularizar as áreas informais, combater a segregação socioespacial, e promover a participação popular na gestão urbana;
  • Diversidade cultural, ao valorizar o patrimônio histórico, artístico e cultural da cidade, estimular as manifestações culturais locais, e fomentar a economia criativa.

Saiba mais: Saiba o que é Home Staging, suas origens, vantagens e dicas de como aplicar!

O Plano Diretor e o espaço em casa

Uma das preocupações que surgem quando se fala em mudanças no PDE é como essas transformações afetam o espaço dentro de nossas casas. 

Com as alterações, especialmente aquelas relacionadas à verticalização, é comum que os novos empreendimentos imobiliários ofereçam unidades residenciais mais compactas. 

Essa compactação do espaço habitacional pode trazer desafios para famílias que buscam um ambiente mais espaçoso e confortável.

Compactação de espaço

A verticalização urbana frequentemente resulta em apartamentos e residências com dimensões menores, devido à necessidade de otimizar o uso do terreno e atender à crescente demanda por moradias. Para famílias que buscam um lar mais amplo, isso pode ser um obstáculo.

No entanto, é importante notar que a otimização do espaço não precisa ser necessariamente uma desvantagem. Com um planejamento e design inteligentes, é possível criar ambientes compactos que sejam funcionais e aconchegantes.

Soluções inteligentes para espaços compactos

  • Móveis multifuncionais: uma das soluções mais populares para espaços compactos é o uso de móveis multifuncionais, como sofás-cama, mesas extensíveis e prateleiras que se transformam em mesas de jantar. Isso permite que um único espaço tenha diversas utilidades;
  • Decoração inteligente: a escolha de cores, padrões e elementos decorativos pode influenciar a percepção do espaço. Cores claras, espelhos e iluminação adequada podem fazer um ambiente parecer maior do que realmente é;
  • Armazenamento criativo: a falta de espaço pode ser compensada com soluções de armazenamento criativas, como prateleiras flutuantes, armários embutidos e nichos nas paredes. Isso ajuda a manter o ambiente organizado e livre de desordem;
  • Divisórias flexíveis: em apartamentos menores, divisórias flexíveis, como biombos ou cortinas, podem ser usadas para criar diferentes áreas dentro de um único ambiente, proporcionando privacidade quando necessário.

Adaptação ao estilo de vida

Para pessoas que buscam maior espaço em casa, é importante considerar como as mudanças no PDE podem impactar suas vidas. Isso pode envolver a escolha de bairros que oferecem imóveis mais espaçosos, a procura por empreendimentos que priorizam unidades maiores ou a decisão de investir em reformas para otimizar o espaço existente.

Saiba mais: Como deixar seu apartamento funcional?

Plano Diretor municipal: exemplos de outras cidades

foto da cidade de são paulo

O PDE não é exclusivo de São Paulo. Todas as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes devem ter um Plano Diretor, de acordo com o Estatuto da Cidade. 

Cada cidade tem a sua própria realidade, seus próprios desafios e seus próprios objetivos para o desenvolvimento urbano. Vamos comparar os planos diretores de cidades como:

  • Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do país, que tem um PDE aprovado em 2011 e revisado em 2020, com foco na integração entre as zonas norte, sul e oeste, na revitalização do centro histórico, na preservação das áreas naturais e na promoção da habitação social;
  • Curitiba, a capital do Paraná, que tem um Plano aprovado em 2015 e revisado em 2021, com foco na mobilidade sustentável, na ocupação ordenada do território, na gestão participativa da cidade, na valorização da cultura e da diversidade e na inovação tecnológica;
  • Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais, que tem um Plano aprovado em 2019, com foco na redução das desigualdades sociais e territoriais, na ampliação das áreas verdes e dos espaços públicos, na melhoria da infraestrutura urbana, na proteção do patrimônio histórico e na geração de emprego e renda;
  • Recife, a capital de Pernambuco, que tem um Plano aprovado em 2008 e revisado em 2018, com foco na recuperação ambiental dos rios e mangues, na requalificação das áreas centrais e periféricas, na democratização do acesso à moradia, à cultura e à educação, e no fortalecimento da economia criativa.

Reflexos do Plano Diretor no mercado imobiliário

Uma das áreas mais impactadas pelo Plano de uma cidade é, sem dúvida, o mercado imobiliário. As políticas e diretrizes estabelecidas pelo PDE podem moldar significativamente a dinâmica desse mercado, afetando tanto os compradores quanto os vendedores de propriedades. 

Valorização e desvalorização de imóveis

Uma das maneiras mais evidentes pelas quais o Plano afeta o mercado imobiliário é por meio da valorização e desvalorização de imóveis. 

O zoneamento e as diretrizes de uso da terra estabelecidas no PDE podem determinar quais áreas da cidade são mais valorizadas devido ao potencial de desenvolvimento e crescimento, e quais áreas podem ter seu valor imobiliário impactado negativamente. 

Tendências arquitetônicas e decorativas

As diretrizes de desenvolvimento urbano do PDE também podem influenciar as tendências arquitetônicas e decorativas em uma cidade. 

Por exemplo, se o Plano incentiva a construção de prédios residenciais de alta densidade em determinadas áreas, é provável que haja uma demanda crescente por apartamentos. 

Isso pode resultar em uma maior oferta de unidades residenciais em estilo condomínio, influenciando a forma como as propriedades são projetadas e decoradas.

Disponibilidade de habitação social

O Plano Diretor também pode impactar a disponibilidade de habitação social em uma cidade. As políticas que promovem a construção de habitações acessíveis podem ser implementadas, visando a inclusão de famílias de diferentes faixas de renda no mercado imobiliário.

Restrições e benefícios ambientais

Em muitos Planos Diretores, há uma preocupação crescente com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente. Isso pode se refletir em restrições sobre onde e como as propriedades podem ser construídas. 

Por outro lado, também pode haver benefícios fiscais ou incentivos para práticas construtivas sustentáveis.

Perguntas frequentes sobre o Plano Diretor

foto de uma mulher sorrindo

O Plano Diretor de uma cidade é um tópico complexo e muitas pessoas têm dúvidas sobre o que ele implica e como pode afetar suas vidas. 

Vamos responder algumas das perguntas mais comuns sobre o PDE para que qualquer outra pessoa interessada possa compreender melhor esse assunto importante.

O que é o Plano Diretor e qual é a sua função?

É um instrumento de planejamento urbano que estabelece as diretrizes para o desenvolvimento e o crescimento de uma cidade. Sua função é orientar o uso da terra, a distribuição de zonas residenciais e comerciais, a infraestrutura urbana e as políticas de desenvolvimento. Ele visa criar cidades mais sustentáveis, equitativas e eficientes.

O que deve conter um Plano Diretor?

Geralmente contém políticas e diretrizes relacionadas a zoneamento, uso da terra, transporte, habitação, meio ambiente, entre outros. Ele define metas de desenvolvimento para a cidade e os meios para alcançá-las.

Qual o principal objetivo do Plano Diretor do município?

Seu principal objetivo é promover o desenvolvimento urbano ordenado e sustentável, garantindo o bem-estar da população. Ele visa equilibrar o crescimento da cidade, a preservação do meio ambiente e a inclusão social.

Quem precisa ter um Plano Diretor?

Todos os municípios brasileiros com mais de 20.000 habitantes são obrigados a ter um Plano Diretor. É uma ferramenta essencial para orientar o desenvolvimento urbano de forma estruturada.

O que mudou com o novo Plano Diretor de São Paulo?

As mudanças podem variar de ciclo para ciclo, mas geralmente afetam o zoneamento, a densidade populacional, as políticas de habitação social e o desenvolvimento sustentável. No caso de São Paulo, é importante verificar as emendas específicas e suas implicações para entender as mudanças mais recentes.

Como participar do processo de elaboração do Plano Diretor?

Os cidadãos podem participar das discussões e contribuir para a elaboração do PDE por meio de audiências públicas, consultas populares e contribuições escritas. É uma oportunidade para envolver-se ativamente no planejamento da cidade.

Quais são os benefícios de um Plano Diretor bem executado?

Um PDE bem executado pode resultar em uma cidade mais organizada, com transporte eficiente, acesso igualitário a serviços públicos, preservação ambiental e inclusão social. Também pode contribuir para a valorização de propriedades em áreas bem planejadas.

Quais são os desafios na implementação de um Plano Diretor?

Os desafios incluem a necessidade de financiamento para infraestrutura, resistência a mudanças por parte de partes interessadas e a necessidade de monitoramento e atualização regulares para garantir que o plano permaneça relevante.

Conclusão

O Plano Diretor de São Paulo é um documento de grande relevância para o desenvolvimento da cidade e tem implicações diretas na vida da população. 

As mudanças recentes exigem uma análise cuidadosa por parte dos compradores e investidores imobiliários, pois podem influenciar o valor dos imóveis, a qualidade de vida e as tendências no mercado imobiliário da cidade. 

Portanto, ficar informado e buscar orientação especializada é essencial para tomar decisões conscientes nesse cenário em constante evolução.

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