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O que é IPCA: aprenda como esse índice de inflação impacta os imóveis!

Para muitas pessoas, comprar uma casa própria é um dos maiores sonhos. Entender como os fatores econômicos afetam esse objetivo é essencial. 

É aí que entra o IPCA, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, uma sigla que você já deve ter ouvido, mas talvez não saiba exatamente o que significa. 

Neste guia, vamos aprender tudo sobre o IPCA e como ele impacta o financiamento de imóveis. Acompanhe a seguir!

O que é o IPCA?

O IPCA significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ele é um indicador que mede a variação dos preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras com renda entre 1 e 40 salários mínimos. 

O IPCA é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) todos os meses, com base em uma cesta de itens que abrange desde alimentos e bebidas até educação e saúde.

É considerado o índice oficial de inflação do Brasil, pois reflete o custo de vida da população. A inflação é o aumento generalizado dos preços ao longo do tempo, que reduz o poder de compra do dinheiro. 

Por isso, o IPCA é usado como referência para as metas de inflação do governo, que são definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e perseguidas pelo Banco Central (BC) por meio da política de juros.

 

Outros índices de inflação

Além do IPCA, existem outros índices de inflação que medem a variação dos preços de diferentes formas. Veja alguns dos principais abaixo:

INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)

É um índice que mede a inflação das famílias com renda entre 1 e 5 salários mínimos, que vivem nas mesmas regiões pesquisadas pelo IPCA. 

O INPC é calculado pelo IBGE com base em uma cesta de produtos e serviços semelhante à do IPCA, mas com pesos diferentes, de acordo com o consumo dessa faixa de renda. O INPC é usado como referência para os reajustes salariais e para os benefícios previdenciários.

IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)

É um índice que mede a inflação de toda a cadeia produtiva, desde os preços no atacado até os preços no varejo. O IGP-M é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base em 3 subíndices: 

  1. IPA-M (Índice de Preços por Atacado – Mercado);
  2. IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor – Mercado)
  3. INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção – Mercado). 

O IGP-M é usado como referência para os reajustes de contratos de aluguel, energia elétrica e tarifas públicas.

IPCA-E (IPCA Especial)

É um índice que mede a inflação acumulada em um trimestre, com base na média dos IPCAs mensais do período. O IPCA-E é calculado pelo IBGE e divulgado quatro vezes ao ano, em janeiro, abril, julho e outubro. 

O IPCA-E é usado como referência para os reajustes do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Como o IPCA é calculado?

foto de uma mesa com moedas em cima

Imagem: Freepik

Conforme mencionamos acima, o IPCA é calculado pelo IBGE com base em uma pesquisa de preços realizada em 16 regiões metropolitanas do país, que representam cerca de 90% do consumo das famílias brasileiras. 

Essa pesquisa abrange mais de 400 produtos e serviços, divididos em nove grupos: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação.

O índice representa a média ponderada dos índices regionais, ou seja, cada região tem um peso diferente na composição do índice nacional, de acordo com a sua importância econômica e demográfica. 

Além disso, cada produto ou serviço tem um peso diferente dentro do grupo ao qual pertence, de acordo com a sua relevância no orçamento das famílias.

O IPCA é divulgado mensalmente pelo IBGE, geralmente na segunda semana do mês seguinte ao da coleta dos preços. O índice é expresso em percentual, que indica a variação dos preços em relação ao mês anterior. Por exemplo: se o IPCA foi de 0,5% em janeiro, significa que os preços subiram em média 0,5% em relação a dezembro.

Quais investimentos estão atrelados ao IPCA?

foto de um casal assinando contrato

Imagem: Freepik

Existem alguns investimentos que são atrelados ao IPCA, ou seja, que pagam uma rentabilidade que acompanha a variação do índice de inflação. 

Esses investimentos são interessantes para quem quer proteger o seu poder de compra e garantir um ganho real acima da inflação. Confira alguns exemplos abaixo:

Tesouro IPCA+

É um título público emitido pelo Tesouro Nacional, que paga uma taxa de juros prefixada mais a variação do IPCA. O Tesouro IPCA+ tem vencimentos de longo prazo, que podem chegar a 2055, e pode ser resgatado antes do prazo com a marcação a mercado.

Fundos de inflação

São fundos de investimento que aplicam em títulos públicos ou privados indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+ ou as debêntures incentivadas. Os fundos de inflação têm diferentes níveis de risco e rentabilidade, dependendo da composição da carteira e da taxa de administração.

CDBs e LCIs/LCAs de inflação

São títulos de renda fixa emitidos por bancos, que pagam uma taxa de juros prefixada mais a variação do IPCA. Os CDBs são tributados pelo Imposto de Renda, enquanto as LCIs e LCAs são isentas. Esses títulos têm prazos variados, que podem ir de 3 a 10 anos, e podem ter liquidez diária ou no vencimento.

Quais são as vantagens de investir em títulos atrelados ao IPCA?

home de um homem sorrindo

Imagem: Freepik

Investir em títulos atrelados ao IPCA tem algumas vantagens. Veja quais são a seguir:

Proteção contra a inflação

Ao investir em títulos atrelados ao IPCA, você garante que o seu dinheiro vai acompanhar a variação dos preços, preservando o seu poder de compra. Assim, você não perde dinheiro com a desvalorização da moeda e mantém o seu padrão de vida.

Rentabilidade real

Ao investir em títulos atrelados ao IPCA, você recebe uma taxa de juros prefixada mais a variação do IPCA. Isso significa que você tem uma rentabilidade real, ou seja, acima da inflação. Assim, você aumenta o seu patrimônio e alcança os seus objetivos financeiros.

Rentabilidade real é a rentabilidade que um investimento tem depois de descontar a inflação. Ela representa o ganho efetivo que o investidor tem com o seu dinheiro, considerando a variação dos preços.

Para calcular a rentabilidade real, é preciso usar a seguinte fórmula:

  • Rentabilidade real = [(1 + rentabilidade nominal) / (1 + inflação)] – 1

Por exemplo, suponha que você investiu em um título que rendeu 10% ao ano, e que a inflação no período foi de 5%. A rentabilidade real seria:

  • Rentabilidade real = [(1 + 0,10) / (1 + 0,05)] – 1
  • Rentabilidade real = 1,0476 – 1
  • Rentabilidade real = 0,0476
  • Rentabilidade real = 4,76%

Isso significa que o seu dinheiro rendeu 4,76% acima da inflação, ou seja, esse foi o seu ganho real.

A rentabilidade real é importante para avaliar se um investimento vale a pena ou não, pois ela mostra o quanto o seu dinheiro está se valorizando ou se desvalorizando. 

Se a rentabilidade real for positiva, significa que o seu dinheiro está crescendo mais do que os preços. Se a rentabilidade real for negativa, significa que o seu dinheiro está perdendo poder de compra.

Diversificação da carteira

Ao investir em títulos atrelados ao IPCA, você diversifica a sua carteira de investimentos, reduzindo os riscos e aumentando as oportunidades. Você pode combinar títulos atrelados ao IPCA com outros tipos de investimentos, como renda fixa pós-fixada, renda variável ou fundos multimercado, de acordo com o seu perfil e as suas necessidades.

Como o IPCA impacta no financiamento de imóveis?

foto de uma calculadora

Imagem: Freepik

Se você está pensando em financiar um imóvel, precisa saber que o IPCA pode influenciar diretamente no valor das suas parcelas e no saldo devedor do seu contrato. 

Isso porque o IPCA é usado como um dos critérios de correção dos financiamentos imobiliários, junto com a taxa de juros.

Saiba mais: Impacto dos Juros Altos no Preço dos Imóveis

Correção de financiamentos

A correção de financiamentos é uma forma de atualizar o valor do dinheiro emprestado, levando em conta a inflação e os juros do mercado. Assim, o banco que concede o crédito não perde poder de compra ao longo do tempo, e o cliente paga um valor justo pelo serviço.

Existem diferentes formas de corrigir um financiamento imobiliário, mas as mais comuns são:

TR (Taxa Referencial)

É uma taxa calculada pelo BC com base na média dos juros dos depósitos a prazo fixo dos bancos. A TR é usada como correção nos financiamentos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), que são os mais tradicionais no mercado. A TR tem sido muito baixa nos últimos anos, chegando a zero em alguns meses.

IPCA

É o índice de inflação que vimos acima. O IPCA é usado como correção nos financiamentos pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que é uma modalidade mais recente e flexível, criada em 2019 pela Caixa Econômica Federal. O SFI permite financiar até 80% do valor do imóvel, com prazo máximo de 35 anos.

Efeito na prestação e saldo devedor

O efeito da correção pelo IPCA na prestação e no saldo devedor do financiamento depende da variação do índice ao longo do tempo. Se o IPCA aumentar, a prestação e o saldo devedor também aumentam. Se o IPCA diminuir, a prestação e o saldo devedor também diminuem.

Por exemplo: suponha que você financiou um imóvel de R$300 mil pelo SFI, com taxa de juros de 3% ao ano e prazo de 30 anos. A sua prestação inicial seria de R$1.264,27. Mas esse valor seria corrigido mensalmente pelo IPCA. 

Se o IPCA fosse de 0,5% no mês seguinte, a sua prestação passaria para R$1.270,69. Se o IPCA fosse de -0,1% no mês seguinte, a sua prestação cairia para R$1.269,54. O mesmo vale para o saldo devedor, que seria atualizado pelo IPCA todos os meses. 

Se o IPCA fosse de 0,5% no primeiro mês, o seu saldo devedor passaria de R$300 mil para R$301.500. Se o IPCA fosse de -0,1% no segundo mês, o seu saldo devedor cairia para R$301.349.

Vantagens e desvantagens

A principal vantagem de usar o IPCA como correção do financiamento imobiliário é que ele permite uma taxa de juros mais baixa do que a TR. Isso significa que a prestação inicial é menor, o que facilita a aprovação do crédito e a entrada no imóvel.

A principal desvantagem é que o IPCA é mais volátil e imprevisível do que a TR. Isso significa que a prestação e o saldo devedor podem variar muito ao longo do tempo, dependendo da inflação. Isso pode dificultar o planejamento financeiro e aumentar o risco de inadimplência.

Saiba mais: Como investir em imóveis? Guia completo sobre o âmbito imobiliário

Conclusão

Neste artigo, você aprendeu tudo sobre o que é IPCA, o índice de inflação que impacta no financiamento de imóveis — como ele é calculado, como ele afeta as parcelas e o saldo devedor do seu contrato, e quais são as vantagens e desvantagens de usar o IPCA como correção.

Agora que você sabe tudo sobre o IPCA, tem mais segurança para tomar a melhor decisão na hora de financiar o seu imóvel. Lembre-se de comparar as opções disponíveis no mercado, analisar o seu perfil e as suas necessidades, e contar com a ajuda de um especialista em mercado imobiliário.

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