Pressione Enter para pesquisar
Mercado

Contrato de gaveta: o que é, como funciona e quais os riscos envolvidos?

05 de março / AiLari

O contrato de gaveta é uma prática comum no mercado imobiliário brasileiro, principalmente em transações informais que envolvem imóveis financiados. 

Essa modalidade de negociação ocorre quando comprador e vendedor formalizam um acordo de compra e venda sem o devido registro em cartório. 

Muitas vezes, esse tipo de contrato é utilizado como alternativa para evitar custos e burocracias, mas pode trazer riscos significativos para ambas as partes. 

Neste artigo, vamos explorar como funciona o contrato de gaveta, quais são seus principais perigos e como formalizar corretamente uma transação imobiliária para garantir segurança jurídica. Acompanhe!

O que é um contrato de gaveta?

O contrato de gaveta é um documento particular firmado entre comprador e vendedor de um imóvel, sem que haja o registro oficial no Cartório de Registro de Imóveis. 

Esse tipo de contrato costuma ser utilizado quando o imóvel ainda está financiado ou quando as partes desejam evitar despesas com cartório e impostos. 

No entanto, essa prática pode gerar insegurança para ambas as partes, pois o imóvel continua formalmente no nome do antigo proprietário, o que pode resultar em problemas jurídicos no futuro.

Como funciona o contrato de gaveta em transações imobiliárias?

Esse tipo de contrato costuma ser firmado quando o proprietário de um imóvel financiado deseja transferir a posse do bem para outra pessoa antes de quitar a dívida. 

Em geral, o comprador assume o pagamento das parcelas restantes diretamente ao banco, mas a propriedade do imóvel continua vinculada ao nome do vendedor. 

Isso significa que, legalmente, o comprador não possui a propriedade do imóvel, o que pode gerar dificuldades caso ele queira revendê-lo ou utilizá-lo como garantia em uma operação financeira.

Leia mais: Procedimento de compra de imóvel à vista: guia completo

É seguro fazer um contrato de gaveta?

A segurança de um contrato de gaveta é relativa e depende da boa-fé de ambas as partes. No entanto, essa prática apresenta diversos riscos, principalmente para o comprador, que não terá o imóvel registrado em seu nome. 

Caso o vendedor tenha problemas financeiros, por exemplo, o bem pode ser penhorado por credores. Além disso, caso o vendedor venha a falecer, os herdeiros podem reivindicar a propriedade, mesmo que o comprador esteja em posse do imóvel há anos.

Quais são os riscos de utilizar um contrato de gaveta?

Os riscos desse tipo de contrato são muitos, incluindo a possibilidade de perda do imóvel em caso de falência do vendedor, disputas judiciais com herdeiros e dificuldades na obtenção de crédito para reformas ou revenda. 

Além disso, como não há registro oficial da transação, o comprador fica à mercê da boa-fé do vendedor para assegurar que os pagamentos ao banco sejam feitos corretamente, o que pode resultar em problemas futuros.

Qual a garantia de um contrato de gaveta para o comprador?

O contrato de gaveta pode conter cláusulas que protejam o comprador, mas, sem o devido registro, ele não tem a garantia plena de que será reconhecido como proprietário do imóvel.

Em caso de disputa judicial, o comprador pode ter dificuldades para comprovar seus direitos sobre o bem, especialmente se houver outras pessoas interessadas na propriedade.

Quais os riscos de fazer um contrato de gaveta para o vendedor?

O vendedor que opta por um contrato de gaveta também assume riscos consideráveis. Como o imóvel continua em seu nome, qualquer dívida associada a ele, como IPTU ou parcelas do financiamento, será juridicamente atribuída ao vendedor.

Caso o comprador deixe de pagar essas obrigações, o vendedor pode ser acionado judicialmente.

O contrato de gaveta tem validade jurídica no Brasil?

assinatura de um contrato, com um vendedor explicando os detalhes para o comprador.

Embora o contrato de gaveta possa ser reconhecido como um documento particular entre as partes, ele não tem a mesma validade jurídica de um contrato registrado em cartório. 

Isso significa que ele pode ser questionado judicialmente e, em muitos casos, pode ser considerado inválido para efeitos de posse e propriedade.

A principal implicação de um contrato de gaveta não registrado é que o comprador não tem a garantia de posse definitiva do imóvel. Se o vendedor ou seus herdeiros decidirem contestar a transação, o comprador pode perder o imóvel sem direito a ressarcimento. 

Além disso, a falta de registro impede que o imóvel seja utilizado como garantia em financiamentos ou vendido formalmente a terceiros.

Quais são as alternativas legais ao contrato de gaveta?

Embora o contrato de gaveta seja uma prática comum em transações imobiliárias informais, ele apresenta riscos significativos devido à falta de reconhecimento legal. 

Para garantir segurança jurídica e evitar possíveis complicações futuras, é recomendável considerar alternativas legais devidamente formalizadas.

1. Escritura pública de compra e venda

A forma mais segura de oficializar a transferência de propriedade é por meio da escritura pública de compra e venda, lavrada em um tabelionato de notas. 

Este documento confere autenticidade à transação e assegura que ambas as partes estejam cientes e de acordo com os termos estabelecidos. 

Após a lavratura da escritura, é necessário registrá-la no Cartório de Registro de Imóveis competente, efetivando a transferência da propriedade.

Embora envolva custos, como o pagamento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e taxas cartoriais, essa formalização garante a segurança jurídica da transação.

Leia mais: Entenda a escritura de compra e venda: guia completo e fácil.

2. Contrato de compra e venda com condição resolutiva

Nesse modelo, o contrato é registrado com uma cláusula que condiciona a eficácia plena do acordo ao cumprimento de determinadas obrigações, como a quitação de dívidas ou a regularização documental do imóvel. 

Essa abordagem oferece maior segurança às partes, pois estabelece claramente as condições necessárias para a consolidação da transferência de propriedade.

3. Cessão de direitos

A cessão de direitos é uma opção viável, especialmente quando o imóvel ainda está em fase de financiamento ou não possui escritura definitiva. 

Nesse caso, o proprietário original cede seus direitos sobre o imóvel ao comprador, que assume as obrigações pendentes, como o pagamento das parcelas restantes do financiamento. 

É fundamental que essa cessão seja formalizada por meio de um instrumento público e registrada no cartório competente para garantir sua validade perante terceiros.

4. Adjudicação compulsória

Quando há resistência ou impossibilidade por parte do vendedor em formalizar a transferência do imóvel, o comprador pode recorrer à adjudicação compulsória. 

Trata-se de uma ação judicial que visa obter a propriedade do imóvel mediante a comprovação do cumprimento das obrigações contratuais por parte do comprador.

Com a procedência da ação, o juiz determina a transferência da propriedade, suprindo a ausência de manifestação do vendedor.

5. Usucapião extrajudicial

Em situações onde o comprador possui a posse mansa e pacífica do imóvel por um período prolongado, sem oposição, é possível regularizar a propriedade por meio do usucapião extrajudicial. 

Esse procedimento é realizado diretamente em cartório, sem necessidade de ação judicial, desde que preenchidos os requisitos legais, como o tempo de posse e a comprovação de que o imóvel é utilizado para moradia ou atividade produtiva. 

Como regularizar um contrato de gaveta existente?

Para regularizar um contrato de gaveta, o comprador deve procurar o vendedor para formalizar a transferência do imóvel por meio de um contrato registrado em cartório. Isso pode exigir o pagamento de taxas e impostos, mas garante a segurança jurídica da transação. 

Caso o imóvel esteja financiado, é recomendável entrar em contato com a instituição financeira para avaliar as possibilidades de transferência da dívida.

Quais são os custos envolvidos na formalização de um contrato de imóvel?

A formalização de um contrato de imóvel envolve custos essenciais, como o ITBI, que varia entre 0,5% e 3% do valor do imóvel, a escritura pública (necessária para transações à vista), e o registro do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis.

Além disso, podem ser exigidas certidões e documentos adicionais para garantir a legalidade da transação. A contratação de um advogado especializado, embora opcional, pode representar entre 2% e 5% do valor do imóvel. 

No total, esses custos costumam ficar entre 4% e 8% do valor do imóvel, sendo essencial que compradores e vendedores estejam preparados financeiramente para essas despesas ao fechar um negócio imobiliário.

Quais são os direitos e deveres do comprador e do vendedor em um contrato de gaveta?

O comprador, ao firmar um contrato de gaveta, tem o direito de utilizar o imóvel conforme o combinado, mas sua posse não garante automaticamente a propriedade legal do bem. 

Ele deve manter os pagamentos do imóvel e das despesas associadas, como IPTU e condomínio, além de cumprir todas as cláusulas estabelecidas no contrato particular.

No entanto, não há segurança jurídica absoluta, pois, sem o registro oficial no cartório de imóveis, ele corre o risco de perder a propriedade em caso de disputas judiciais ou problemas com o vendedor.

Já o vendedor mantém seu nome na matrícula do imóvel, o que significa que ele ainda é responsável legalmente por eventuais dívidas do bem e pode ter dificuldades em obter novos financiamentos.

Mesmo após a venda informal, o imóvel continua vinculado a ele perante os órgãos públicos e instituições financeiras. 

O vendedor tem o direito de exigir que o comprador cumpra os pagamentos e as demais obrigações contratuais, mas pode enfrentar desafios legais caso precise reaver o imóvel ou comprovar a transação.

Como a consultoria jurídica pode auxiliar na formalização de contratos imobiliários?

miniatura de uma casa ao lado de um martelo de juiz, representando a legalização e formalização de contratos imobiliários.

A consultoria jurídica é essencial na formalização de contratos imobiliários, garantindo que todas as transações estejam em conformidade com as leis vigentes e evitando cláusulas abusivas. 

Advogados especializados realizam a análise documental para identificar possíveis irregularidades, prevenindo litígios e fraudes. Além disso, auxiliam na regularização de imóveis, na negociação de cláusulas contratuais e na proteção dos interesses de compradores e vendedores. 

A consultoria também mantém os contratos atualizados conforme as normas vigentes, minimizando riscos e assegurando a legalidade da transação. Esse suporte jurídico proporciona segurança e tranquilidade a todas as partes envolvidas.

Perguntas frequentes sobre o contrato de gaveta

Agora que você já entendeu as principais questões sobre o assunto, reunimos algumas dúvidas gerais. Confira!

Como evitar fraudes em transações imobiliárias sem registro oficial?

Recomenda-se sempre consultar um advogado especializado antes de assinar qualquer contrato e verificar a situação do imóvel no Cartório de Registro de Imóveis. Além disso, qualquer pagamento deve ser documentado para evitar problemas futuros.

Quais são os procedimentos para registrar oficialmente a compra de um imóvel?

Formalizar a escritura pública em um cartório de notas e, em seguida, levar esse documento ao Cartório de Registro de Imóveis para efetivar a transferência de propriedade. Esse processo garante segurança jurídica e evita disputas futuras.

Como a formalização do contrato de compra e venda protege as partes envolvidas?

Ao registrar a compra e venda de um imóvel oficialmente, tanto comprador quanto vendedor garantem que seus direitos sejam preservados. O comprador obtém a propriedade definitiva do bem, enquanto o vendedor evita problemas legais futuros.

Quais são os documentos necessários para a formalização de um contrato de imóvel?

Os principais documentos exigidos incluem a escritura pública, certidões negativas de débitos, comprovantes de pagamento do ITBI e documentos de identidade das partes envolvidas. Também pode ser necessária a autorização do banco financiador, caso o imóvel esteja hipotecado.

Conclusão

O contrato de gaveta pode parecer uma alternativa viável para quem deseja evitar burocracias, mas os riscos envolvidos são altos.

A melhor forma de garantir segurança jurídica é formalizar a transação com o devido registro em cartório, assegurando que todas as partes envolvidas tenham seus direitos protegidos.

Gostou deste conteúdo? Então, entenda o que são emolumentos e sua importância nos registros!